quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A "refundação" ou constatação da má situação...

Serve este modesto post (ou comentário), para abordar o actual estado deste país à beira mar encalhado e, simultaneamente estabelecer um paralelo entre a Criação do Mundo de Michelangelo e o trabalho do governo. A obra é uma das maiores de sempre na área da pintura, na Capela Sistina, principalmente nos tectos. O mestre Michelangelo foi obrigado pelo papa Julius II a fazer um trabalho de pintura, quando a sua verdadeira especialidade era a escultura; um dos requisitos era a obrigatoriedade de figurarem os 12 apóstolos. Contrariado mas empenhado em deixar obra única, o mestre excedeu-se e criou um complicado conjunto de cenas com símbolos, códigos e mensagens ocultas nas pinturas das 300 figuras.  O nosso governo, obrigado a cumprir um "memorando" faz algo parecido com a troika (FMI, CE e BCE) ao exceder-se no cumprimento dos requisitos; numa tentativa de provar empenho e eficiência, faz uso de técnicas e programas que resultam em teoria mas falham na prática. O quadro pintado de tons cinza e negro ultrapassa todas as expectativas (do artista e de quem encomendou a obra). Passos Coelho (artista principal) defende uma "refundação" como verdadeiro "Acto da Criação" para dar vida a uma nação que teima em levantar-se; neste quadro de milhões de personagens sobressaem tormentas, tragédias e sacrifícios com pormenores de pasmar. Se em Roma milhares se juntam e faz-se fila para apreciar a obra prima, por cá vive-se o oposto com milhares a estragar a pintura do governo, com as greves e contestação de rua. A obra do mestre italiano foi apresentada neste dia há 500 anos, quando Portugal fazia verdadeira história e dava novos mundos ao mundo. Para esquecer por momentos o drama de um país, desfrutem este feriado pela ultima vez e apreciem a grandiosidade e o talento presentes na capela que é uma réplica do palácio do Rei Salomão. A visita é grátis e interactiva.

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